
12/10/07
Quem ri por último

03/10/07
18/09/07
Pela Porta
12/09/07
No TCA na noite de 27
Filipa Leal é considerada uma das vozes mais importantes da chamada "novíssima poesia portuguesa" e publicou, até ao momento, três livros: "Lua Polaroid" (2003)), "Talvez os lírios compreendam" (2004, editado na colecção "Cadernos do Campo Alegre") e "A cidade líquida e outras texturas" (2007), livro que mereceu uma encomiástica crítica assinada por Eduardo Prado Coelho, no suplemento do jornal Público "Mil Folhas". Assinale-se, ainda, que a 2ª edição deste livro, com capa de Mafalda Capela (autora da foto acima) será lançada na noite do espectáculo no TCA.
Este espectáculo conta ainda com a participação de outros elementos do colectivo CGD, para além da própria Filipa e da Mafalda Capela. São eles Pedro Lamares e Susana Menezes.
Mais informações aqui .
As reservas de bilhetes estão já disponíveis e, como é normal, os lugares estão a acabar. (bilheteira do TCA: 226063000)
27/08/07
01/08/07
O MAPA
31/07/07
Sinto como um bicho que a meteorologia vai mudar
Retrato a caminho de férias

Estou já a caminho de férias. A Lucy teve alguma dificuldade em captar-me. Como administradora deste blogue convém referir que encerro hoje as hostilidades. Regresso no final do mês de Agosto com ou sem bronzeado. Nesse momento publicarei todos os comentários deliciosamente guardados na minha caixinha.
27/07/07
Inauguração
Há imagem, poesia e música

Surfando por sugestão do Roxo e Verde. Atenção: para ver os posts é necessário utilizar a barra inferior deste blogue - Simple Things. Clicar sobre as datas.
Hoje estou definitivamente inclinada para passeios.
C-ASA
Ah, e já agoram leiam o comentário sobre o qual falo, aqui na casa da CGD - POST: Depois de uns dias. E já agora aproveito para comunicar que os comentário passarão a intitular-se declarações. Quem sabe não seremos chamados para uma revolução, visto dispensarmos PARTIDOS mais que partidos e outras ERCsss (entidades reguladoras de comunicações mais ou menos declaradas).
20/07/07
Depois de uns dias
18/07/07
duran duran - planet earth
Estamos no Verão. E eu poderia estar na Praia de Santa Cruz. 11 anos. A «Princesa».
25/06/07
ESTAMOS SÓS COM TUDO AQUILO QUE AMAMOS
Quase me esquecia de vos contar que a Mafalda é uma princesa de um reino adormecido, atravessado por um grande aeroporto que ninguém sabe onde fica. Diz-se que só lá poisam pombinhas de maçapão e abutres sem pasta. Quando a Mafalda faz anos, e lhe apetece, vem à janela e atira moedas de chocolate e ácidos para o povo. O povo prefere os ácidos. É um povo pobre, mas não é estúpido. Quando a Mafalda faz anos dá cabo da escuridão do mundo. Juro-vos.
Um dia, um dos poetas do reino (E. Mello e Castro) ofereceu-lhe este POEMA DE AMOR. A Mafalda lê-o sempre, antes de adormecer:
desejo-te não desenho-te
detenho-te não devejo-te
desejo-te não desejo-te
dessonho-te não decanto-te
diluo-te não dessinto-te
deslaço-te não desfaço-te
construo-te não contenho-te
concluo-te não condano-te
consinto-te não conlaço-te
componho-te não convejo-te
convido-te não começo-te
confesso-te não confalo-te
imponho-te não impeço-te
intacto-te não intalo-te
instalo-te não indomo-te
inlevo-te não instruo-te
inclavo-te não incluo-te
intenho-te não destruo-me
Entretanto, a Mafalda adormece e "foi apenas mais um dia que passou entre arcos e arcos de solidão.
19/06/07
15/06/07
Carlos Drummond de Andrade
Da américa do norte para o doce sul e daí para o outro lado do oceano, num pequeno grande país com cara de gente. Amanhã a Filipa entregar-nos-á Drummond. às 22h00 em Famalicão.
(aqui a voz do poeta)
Allen Ginsberg - América
música: tom waits
video: fotomontagem
intenção: - será amanhã à noite, em português, na voz do grande isaque.
«Vemo-nos no limbo»
Casa das Artes de Famalicão
A GCD às 22h00
Apareçam...
Parabéns !!!
Foi esta semana - dia 12 de Junho - que o TOBIAS acrescentou mais um ano de vasta experiência ao seu curriculum de vida. Parabéns atrasados rapaz. (com o Santo António e tanta animação esta mensagem viu-se forçada a um atraso substancial. MIL DESCULPAS. )
13/06/07
Kate Bush - Wuthering Heights
A Mafalda não consegue fazer posts do youtube para cá. Por isso, faço eu por ela.
12/06/07
08/06/07
Carlos Paião - Play-Back Eurovisão 1981
é incrivel. não resisto. deixo-vos apenas mais este. bom fim de semana CGDs.
05/06/07
Informação espectáculo Casa das Artes de Famalicão
«Vemo-nos no Limbo»
16 de Junho de 2007 – Casa das Artes de Famalicão – 22h00
No regresso à Casa das Artes de Famalicão, depois do êxito de «Delírios Orais», em Outubro do ano passado, prometemos muito:
música improvável, imagens azuliantes, uma réstia de luz, lampejos, beijos no escuro, incomodidade, mortíferas mensagens, o tilintar dos corpos, palavras de vidro.
Isto tudo à boleia dos nossos vates de estimação:
Álvaro de Campos, Herberto Helder, Carlos Drummond de Andrade, Allen Ginsberg e Vasco Gato.
Prometemos muita magia, numa noite de marfim em que «o mar é só mar e as estrelas são só estrelas».
SOMOS O QUE SOMOS
nesta maneira tão nossa de andarmos pela vida com a Palavra às costas e o sonho debaixo do baço.
São cúmplices desta aventura sem peias:
- Pedro Lamares (concepção, coordenação-geral e leituras);
- Sandra Salomé e Inês Lua, Filipa Leal e Isaque Ferreira (leituras)
- Luís Tobias e Raúl Cunha Faria (imagem);
-Ana Deus (voz), Pedro Moura (guitarra) e Fátima Santos (acordeão);
- João Gesta e PAT (selecção de textos, coordenação e assessoria de imprensa).
Já dormimos juntos, mas não houve nada.
Informação aos OCS – PAT
04/06/07
DESPEDIDA
O Senhor Rogério partiu. De vez. Deixa-nos muitas saudades. Fez connosco alguns recitais, um dos quais, o mais divertido, no café Aviz, integrado no festival Faladura.
Em sua memória ficam estas palavras mágicas de Eugénio de Andrade:
DESPEDIDA
Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.
30/05/07
CONSULTÓRIO SEXUAL do Engenheiro Gesta
João Gesta, professor diplomado em recauchutagem artística pela Universidade de Hot Cricka, Arkansas, vai, a partir deste número, engrossar a valiosa fileira florestal de colaboradores deste lucipotente blogue.
Propõe-se, na senda de Demis Roussos, de Bruna Surfistinha e de Bagão Félix, ajudar a minorar o sofrimento dos portugueses e das portugueses, respondendo, de uma forma assertiva e profunda, a todas as questões enviadas para a erecção, perdão, para a secção
IÇ@ O MASTRO, BABY, IÇ@
Feita esta pequena introdução, que a idade não me permite ir mais além, apresso-me a dar voz ao primeiro paciente leitor paciente.
Sónia, depiladora (a quente), 36 anos, signo berbigão, Margem Sul (perto de Marraquexe, portanto):
- O meu marido tem excrescências românticas nos testículos. É uma doença rara, muito chique, e que afectou grandes vultos da cultura universal como Lord Byron, o professor Neca e Margareth Tatcher. A princípio, confesso-lhe, achei piada. Contudo, com o andar do tempo, verifico que as excrescências me irritam e, desgraçadamente, me desconcentram do acto sexual. O que me aconselha a fazer doutor Gesta?
Doutor, Engenheiro-Aviador Gesta
- Não se preocupe. Num país de poetas, bêbedos e de forte pendor agrícola, estas situações podem acontecer, sobretudo no deserto.
Deverá, antes de iniciar o coito, ler em voz alta - se tiver um micro à mão, tanto melhor - um pensamento de Sócrates ou, se preferir, um fragmento de um qualquer discurso de Mário Lino, bem junto do testículo direito do seu marido. Não se engane no lado do testículo. Os testículos de esquerda são insensíveis a estas práticas. Verá que, como por milagre, as excrescências vão derretendo, uma a uma. As mais enraizadas poderão mesmo fugir para a Ota, aguardando embarque.
Se, apesar de tudo, alguma excrescência romântica persistir, então, aconselho-a vivamente a trocar de marido - sugiro-lhe o Brad Pitt mas, por favor, antes de o usar, agite-o com força e, disfarçadamente, veja se o mancebo não é portador de nitrofuranos nos sovacos. Se estiver tudo em ordem, telefone-me.
Consultório Sexual do Engenheiro Gesta
18/05/07
17/05/07
A UTOPIA fundamental como respirar
caramba, ontem como hoje..................
é por estas e por outras que cada vez menos acredito nem pátrias, nações, países e outras eminências pardas, que servem para arrebanhar seguidores, votos,favores, influencias dividendos, sem o menor respeito pelos outros.
Cheguei a uma altura da vida em que A UTOPIA É CADA VEZ MAIS NECESSÁRIA.
por isso para mim vale O SER HUMANO EM SI POR SI e MUITO MAIS POR AQUILO QUE FAZ.
Aqui vai o texto que tem,pasme-se, para mais de 100 anos.
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador;
e este,finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. [.] A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos [.] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, [.] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.
16/05/07
11/05/07
Vou mudar a cozinha
A novidade é a estreia da Ana como actriz. Pois sim, é isso mesmo. Actriz.
A Sandra é e sempre será uma magnífica actriz.
A peça - VOU MUDAR A COZINHA - está em cena no Estúdio Latino do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, até dia 20 de Maio, de Quarta a Domingo, sempre às 22h00, excepto dia 17 (quinta-feira) - nessa quinta está a Sandra no Teatro do Campo Alegre numa surpreendente leitura a duas vozes: Sandra e Inês Lua com poema de Vasco Gato.
Sobre «Vou mudar a cozinha» diz na Sic Online :
A peça de teatro experimental "Vou mudar a cozinha", do escritor angolano Ondjaki, estreia esta quarta-feira no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. A peça fala da Mulher.
"Vou mudar a Cozinha" teve a sua estreia nacional na Casa das Artes de Famalicão e muda-se esta quarta-feira para o Porto, onde ficará em cena até dia 20 deste mês. Esta peça é da autoria do escritor angolano Ondjaki e é um trabalho feito a partir da selecção de três contos do autor, em que o fio condutor é a personagem da Mulher e a solidão. A mulher é desmultiplicada em três: mulher mendiga, mulher dona de casa e mulher freira. Em comum têm apenas a condição de mulher. Em palco está uma personagem que sofreu muito e quer mudar o presente e o futuro. A peça, inserida no teatro experimental, recria um universo íntimo e intransmíssível. A estória ganha forma numa fusão entre o teatro e a música, aposta no som, no cheiro e no movimento do corpo.
Teatro Sá da Bandeira
Sala Estúdio Latino
Rua Sá da Bandeira 108
Telef: 222006427
Toca a marcar bilhete e ir ver. Garantimos que vale a pena.
10/05/07
aos morcegos
aos estudantes - entendo-lhes a felicidade, ou não estivessem as suas veias ao rubro.
hoje é dia de desfile pela cidade. antes fosse o vasquinho na tv. a preto e branco.
FADO DO ESTUDANTE
Que negra sina ver-me assim
Que sorte e vil degradante
Ai que saudade eu sinto em mim
Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de Amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar cabeça ao léu
só para amar vivia eu
Sem me ralar e tudo mais eram cantigas
Nenhuma delas me prendeu
Deixa-las eu, era canja
Até o dia em que apareceu
Essa traidora de franja
Sempre a tinir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir num bengalão e ar descarado
A vadiar com outros mais
Ia dançar p'ros arraiais
Para namorar, beber, folgar, cantar o fado
Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa da anatomia
Invoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho campo de Santana
Aulas que eu dava se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
E a que eu faltava sete dias por semana
O Fado é toda a minha fé
Embala, encanta e inebria
Pois chega a ser bonito até na Radio - telefonia
Quando tocado com calor
bem atirado e a rigor
É belo o Fado, ninguém há quem lhe resista
É a canção mais popular, tem emoção faz-nos vibrar
Eis a razão de ser Doutor e ser Fadista
09/05/07
A CGD vai estar em Famalicão
A Caixa Geral de Despojos apresenta:
Vemo-nos no Limbo
No regresso à Casa das Artes de Famalicão prometemos muito: música improvável, imagens azuliantes, uma réstia de luz, lampejos, beijos no escuro, incomodidade, mortíferas mensagens, o tilintar dos corpos, palavras de vidro. Isto tudo à boleia dos nossos vates de estimação.
Prometemos muita magia, numa noite de marfim em que «o mar é só mar e as estrelas são só estrelas».
SOMOS O QUE SOMOS
nesta maneira tão nossa de andarmos pela vida com a Palavra às costas e o sonho debaixo do baço.
São cúmplices desta aventura sem peias:
Sandra Salomé, Filipa Leal, Pedro Lamares, Isaque Ferreira, Luís Tobias, Ana Deus, Pedro Moura, Raúl Cunha Faria, João Gesta, Mafalda Capela e Patrícia Campos.
Já dormimos juntos, mas não houve nada.
(João Gesta)
08/05/07
DO CAMPO ALEGRE PARA SERPA. COM AMOR.
Tendência Groucho. Tendência Karl.
Continuo a achar que a crítica é a forma da nossa permanência.
Continuo, com A. Maria Lisboa, a preferir a Liberdade, o Amor e a Poesia à ordem, ao trabalho e ao progresso.
Em relação aos políticos, aos artistas de pacote e aos padres rio-me deles como quem olha para comediantes à custa de quem é permitido rir e escarnecer.
Isto tudo para lhe citar Marx, de cabeça:
"Dado que não nos compete forjar um plano que sirva para todo o sempre, é evidente que o que temos de fazer, por agora, é uma avaliação crítica impiedosa a tudo... impiedosa no sentido de essa dita crítica não ter que temer nem os seus próprios resultados nem o conflito com os poderes estabelecidos."
Somos todos "eus", digo eu. E estou sempre à sua espera.
26/04/07
SIMPLEX. DELÍRIO FEBRIL DE JOÃO GESTA.
O executivo do piloto-aviador José Sócrates vai propor à Assembleia da República a aprovação de uma linha de crédito para promover a acção artística de novos talentos, preferencialmente nas áreas da literatura, da moda e dos bordados.
Poderão concorrer ao referido apoio os seguintes talentos, nascidos em território nacional e/ou na Malveira:
- engenheiros de papel
- engenheiros com a mania dos monstros
- pataniscas que tenham sido comidas a norte do Mondego
- poetas-esfregões
- o Armando Vara
- rabos de boys
- o Armando Vara
- pequenos arenques por fumar
- enguias da Murtosa que não tenham inscrição na “Universidade Independente”
- jovens casadoiras com sete saias e, pelo menos, um ovário
Jovem-coisa:
Se tens mais de 10 semanas, és saudável, se tiveste o azar de nascer em Portugal e/ou na Malveira, NÃO HESITES, envia-nos o teu projecto, explicitando se gostas de ficar por cima ou por baixo.
Só tens de indicar o teu nome completo, a morada da toca abjecta onde te acoitas, o nome do dealer que serve a tua área de sobrevivência e a idade do torneiro-mecânico que, miseravelmente, andas a comer às escondidas da tua mulher.
Depois, lê em voz alta um poema do Baudelaire e esfrega-o docemente no rabo. Se não tiveres rabo, esfrega-o na alma.
Mete tudo (a candidatura e o poema devidamente esfregado) num envelope e envia para o presidente do Gil Vicente ou para o Gomes de Pinho. Tanto faz. São ambos patéticos e, como tal, muito competentes.
Uma última nota:
Se não tiveres em casa um poema do Baudelaire, podes esfregar o rabo num pensamento do Padre António Vieira, num ligamento do Pedro Emanuel e por aí fora, até chegares ao útero da Josefa D´ Óbidos ou, mais à frente, ao cruzamento da Carvalhosa.
Deixa o resto connosco.
Ousa.
O país precisa de ti. Nós, nem por isso.
(poema de amor escrito na madrugada do 25 de Abril de 2007. Dedico-o a todos os meus Amigos e, em especial, à Sandra, uma amiga às esquerdas. Amo-vos.)
Exposição do Luís Tobias

Luis Tobias está de volta ao convívio com a cidade. Em MUTAÇÕES expõe fotografia recente, tomada em negativo, desenvolvida e impressa digitalmente. O tema MUTAÇÕES sempre tem estado presente na obra do autor, que desta vez, o representa ensaiando uma "suite" de forma e cor inspirada num dia de chuva, que começa a preto e branco e se transmuta ao sabor de um sol que Luis Tobias conhece e quer.
A exposição é no:
Rua Nova da Alfândega, n.º 22 4050-430 Porto T. 222 089 228
24/04/07
23/04/07
A Flor e a Náusea
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
19/04/07
13/04/07
"A ÚNICA DIGNIDADE DA VIDA É NARRAR-SE. OUVIR-SE NOS ANFITEATROS. O RESTO É FOME, VIOLÊNCIA E ESPERMA."
É um trabalho a partir da selecção de três contos do escritor Ondjaki em que o fio condutor é a personagem Mulher e a solidão. Três contos, três personagens, interpretadas por uma actriz (SANDRA SALOMÉ) e por uma cantora (ANA DEUS).
Para as "nossas" meninas, neste dia de todas as emoções e todos os medos, um poema novinho em folha do Vasco Gato:
No teu banho eléctrico,
como uma âncora acesa que a ferrugem não
separa.
Sei que existes, que rodas devagar
nas águas que esperam, que atravessas
ao pé-coxinho os mapas
afortunados.
Ofereço-te a boca da minha juventude.
Eu que escavei as paisagens
e encontrei apenas jóias inquietas.
(in "Omertà"/ edições quasi)
12/04/07
11/04/07
Hoje, 11 de Abril, às 21 horas

“A Cidade Líquida e Outras Texturas” de Filipa Leal
apresentado na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira
Em informação fornecida pela “Deriva Editores”, lê-se que os poemas de Filipa Leal “dão voz a um gesto de libertação individual em deriva constante”. Acrescenta-se que “desta ligação íntima, proposta ao leitor de A Cidade Líquida e Outras Texturas, emerge um sujeito cujo rosto se confunde com a própria rota que vai construindo”.
Filipa Leal, nasceu no Porto em 1979. Formou-se em Jornalismo na Universidade de Westminster, em Londres, e concluiu o Mestrado em Estudos Portugueses e Brasileiros pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (onde apresentou a dissertação sobre os “Aspectos do cómico na poesia de Alexandre O’Neill, Adília Lopes e Jorge de Sousa Braga”).
Jornalista cultural, é de salientar a sua colaboração no suplemento “das Artes, das Letras”, de “O Primeiro de Janeiro”, para o qual já entrevistou diversas figuras de destaque da literatura portuguesa e estrangeira. Recitadora e locutora, colabora regularmente com o Teatro do Campo Alegre, no ciclo “Quintas de Leitura”, e integra o colectivo poético “Caixa Geral de Despojos”. Participa nos Seminários de Tradução Colectiva de Poesia da Fundação da Casa de Mateus.
Em 2003, Filipa Leal publicou “Lua-Polaroid” (ficção), da Corpos Editora, e, em 2004, “Talvez os Lírios Compreendam” (poesia), da Cadernos do Campo Alegre.
Aproveito ainda para deixar a ligação a um elogio (Rosa Necessária) já com alguns anos que a Filipa recebeu em relação à entrevista a Ramos Rosa que em tempos publicou n'O Primeiro de Janeiro.
09/04/07
CUMPLESCRITAS COM RENATO ROQUE

Eu aceitei.
Inspirado na sua bela fotografia, consegui esgalhar este poema quase normal:
ENTRE-OS-RI(S)OS
adivinho no teu olhar
um rio
que não pode não deve
desaguar em mim
vejo no teu sorriso
uma árvore
que florescerá
ao ritmo de um coração estrangeiro
refugio-me
nas margens da minha solidão
pesco futuros de plástico
na foz do meu desencanto
denuncio-me
enquanto não chega a alvorada
28/03/07
Suicídio Encomendado
Talvez o mundo se divida, sobretudo, entre os que sabem rir e os que não sabem. Ou seja: há os que sabem rir. Ponto. E há os que não sabem rir mas sabem fazer rir. Esses, por mim, estão perdoados. E há os que não sabem rir mas sabem respeitar os que riem. Esses perdoam-me. Mas depois há os que não sabem rir nem gostam que os outros riam, e falam disso, e escrevem sobre isso, e sentem-se melhor a dizer: não olhem, não vão, não riam, por favor fiquem aqui a ler os meus devaneios sobre o cinema alternativo da cueca.
Dito isto, que é só um desabafo a seguir ao qual me comprometo a compremeter-me e a dizer a verdade, chego finalmente ao ponto de humor negro.
«Suicídio encomendado», o filme de Artur Serra Araújo que estreou nesta edição do Fantasporto, é do melhor humor que se fez no Portugal recente. Portugal é um país de gente séria. Tão séria. Mesmo assim, na sala, o riso foi a verdade. (Os críticos riem por último, é pena...) Tinoco é um herói trágico (qual anti-herói!) do século 21, um vulgar herói de 30 anos com a vida virada do avesso. Se calhar, é preciso ter 28 anos (como eu) e viver numa cidade esquecida (como eu) para entender o que este filme tem de mais brilhante: tudo. Da subtileza dos diálogos à solidez das personagens. «Suicídio Encomendado» vem preencher uma lacuna na forma que Portugal tem de rir. E Tinoco, se não se suicidasse, poderia vir a ser um Mr. Bean à portuguesa. Com tempo. Continuado no tempo.
Pronto. Quem me conhece, sabe que não sou de grandes causas. Mas esta vale mesmo a pena.
PS:
A sinopse_Imagine-se em casa… O telefone toca, tentam vender-lhe alguma coisa, são os chatos do costume… Só que, desta vez, vendem-lhe um suicídio, o seu suicídio encomendado. Foi o que aconteceu a Luís Tinoco, um jovem com cerca de trinta anos e que já tinha pensado em morrer. Trata-se de uma personagem carismática, com uma infância bizarra e que actualmente não consegue viver feliz. Tinoco compra o seu próprio suicídio, preparado e elaborado de forma condizente com o motivo pelo qual deseja morrer: Amor.
O lugar_Cinemas Lusomundo - NorteShopping e GaiaShopping. Despachem-se!
26/03/07
20/03/07
DIA MUNDIAL DA POESIA

Caros visitantes, façam o favor de entrar no blogue das Quintas de Leitura do TCA para ficarem a saber como alguns elementos da CGD vão estar magnificamente activos neste dia de grande celebração. Há vozes no cinema ( autografia) e na rádio (tsf).
14/03/07
Free Hugs of Juan Mann in Portugal with portuguese people
free hugs. uma campanha que corre mundo. uma boa ideia.
Luminosa

12/03/07
Hoje faço 54 anos

Hoje faço 54 anos.
É aquilo a que eu chamo uma idade de merda, uma idade vegetariana - nem é carne, nem é peixe.
Se é verdade que não estou, assim o espero, propriamente com os pés para a cova, também não deixa de ser verdade que já não posso competir com o Diogo do 5º esquerdo, polícia de profissão, músculos reluzentes à varanda, madeixa sedosa a tapar-lhe e não o olho azul, arma sempre em riste quando lhe aparece pela frente o inimigo ou as namoradas dos amigos mais chegados.
É certo que a idade também me deu (alguma) sabedoria e tolerância.
Sei dizer, sem titubear, onde ficam as costas do Pacífico e o fim das costas da Sónia, o bairro com a melhor coca da cidade, consigo mesmo descobrir o ponto "g" da Bárbara às escuras e, pasme-se, o apito (dourado) do Artur, sem óculos, sem mãos.
Quanto à tolerância, meus caros, estou um doutor.
Aceito, com bonomia, os kung-fús da Cristina, as mortes súbitas da Filipa, os atrasos da Mafalda, os atropelamentos e fugas da Coliveira, os decotes da Adriana, a energia matinal trifénica da Patrícia, os falhanços do Nuno Gomes, as sopas do Pedro Lamares, os espasmos governativos do Sócrates, os penteados do João Tiago, as camisas do Isaque. Tudo isto com um sorriso nos quatro dentes decentes que fui capaz de manter.
E até já tenho planos para os próximos doze meses, isto se a puta da vesícula não me atraiçoar como a Sónia:
1) conquistar a Sandra aos mouros.
2) reconquistar o Rivoli aos touros.
Plano alucinante, luminosidade inusitada, comichão nos farilhões orientais.

07/03/07
CUIDADO COM OS RAPAZES
Morreu o Alface.
A CGD dedica-lhe um poema de Amor.
O melhor de todos:
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
02/03/07
OFÍCIO DE AMAR
E continua fugido no Brasil por causa de uma paixão proibida.
Faz ele muito bem.
Quando chegares avisa, porque o Portas anda outra vez à solta no quintal e
não tem as vacinas em dia. Os amigos portugas enviam-te, a nado, este poema do Al Berto, com cheirinho
a vigílias.
OS AMIGOS
no regresso encontrei aqueles
que haviam estendido o sedento corpo
sobre infindáveis areias
tinham os gestos lentos das feras amansadas
e o mar iluminava-lhes as máscaras
esculpidas pelo dedo errante da noite
prendiam sóis nos cabelos entrançados
lentamente
moldavam o rosto lívido como um osso
mas estavam vivos quando lhes toquei
depois
a solidão transformou-os de novo em dor
e nenhum quis pernoitar na respiração
do lume
ofereci-lhes mel e ensinei-os a escutar
a flor que murcha no estremecer da luz
levei-os comigo
até onde o perfume insensato de um poema
os transmudou em remota e resignada ausência
28/02/07
PÁSCOA NA SÉ - LEONOR NO BIDÉ
Para todos eles um aviso solene: cada passo em falso do vosso espírito me encontrará pela frente.
Aqui vai o presente. Ainda, do Fernando Assis Pacheco:
SONETOS
Por uma cona assim eu perco o tino
e tudo o mais desamo que não faça
como rata em soneto de Aretino:
a um caralho dar frequente caça
porque essa cona tem da melhor raça
a traça que se diz «donaire fino»
se rosto fora ela e não conaça
onde o tesão divino toca o sino
com uma cona assim aquel' menino
Cupido troca as setas pela maça
martela meus colhões num desatino
que do Rossio ecoa até à Graça
ela é a melhor cona que dá caça
a este meu javardo inquilino
UM TAL FERNANDO ASSIS PACHECO

Um grande poeta, injustamente esquecido por muitos intelectuais de pacote.
Recorda-se aqui um dos seus poemas do livro "respiração assistida":
UM TAL FERNANDO ASSIS PACHECO
Vivo com ele há anos suficientes
para poder dizer que o reconheceria
num dia de Novembro no meio da bruma
é como uma pessoa de família
adorava os pais mas tinha medo
quando zangados se punham aos gritos
e se chamavam nomes odiosos
não invento nada vi-o crescer comigo
chorava então desabaladamente
e eu com ele sentindo-nos perdidos
o cobertor puxado sobre a cabeça
seria trágico se não fosse ridículo
mesmo depois a noite que urinasse
no pijama era um protesto civil
encharcou assim grande parte das Beiras
não lhe perguntem se foi feliz
Lisboa, 25-V-95
23/02/07
Perdoamos o quê?
Baptista-Bastos, O Passo da Serpente (ASA)
22/02/07
FAÇO QUINTAS!
16/02/07
O ESPÍRITO
Assim:
Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;
E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.
Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:
Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.
INTRÓITO
De jóias tilitantes e doentes,
Das palavras que trazes afogadas,
Das coisas que não dizes mas entendes.
Do teu olhar virado às madrugadas
De fantásticos e exóticos orientes,
Do teu andar de tule, das estocadas
Dos gestos que não fazes mas que sentes.
Dos teus dedos sinistros, de tão brancos,
Dos teus cabelos lisos, de tão brandos,
Dos teus lábios azuis, de tanta cor,
É que me vem a fúria de bater-te,
É que me vem a raiva de morder-te,
Meu amor! Meu amor! Meu amor!
(José Carlos Ary dos Santos)
Porque hoje, com tanto trovão, também é dia de namorar.
14/02/07
Escuta sinfónica
Escutas a extrema luminosidade das partículas.
Escutas... pois... o marulhar das ondas do meu coração.
DIA DOS NAMORADOS

PART-TIME
Durante muitos anos trabalhei em part-time
na Livraria Bakunine, ao Carregal.
Não foram os anos mais felizes da minha vida,
pois o amor, o ranço, a solidão, a verdade
é que ficava muitas horas encostado à montra
a ver se tu entravas perguntando se eu tinha
segredos, sebes, aluviões ou a ignorância
da morte. Dir-te-ia que sim. Mas tu,
Gata Borralheira, só querias saber de astrologia,
de puericultura, de pronto a vestir para o outono
da alma. Raios te partam, rapariga,
como podia eu amar-te, tão estúpida eras.
Fica, assim, o dia assinalado com um poema quase normal do José Miguel Silva.
(Na gravura: Madonna, acariciando o pénis, perdão, o ténis de Santana Lopes. Fotografia da colecção privada de Isaque Ferreira, com o alto patrocínio do SIS, do PS e do Professor Cajuda).
13/02/07
TRÊS POEMAS DE AMOR PARA O ISAQUE
Hoje o Isaque faz 33 anos.
Esta fotografia foi tirada por Luís Tobias, numa altura em que o figurão Ferreira trabalhava para a máfia russa, especificamente na delegação do SIS em Navais, e se entretinha a colocar escutas nos tomatais dos amigos. O resultado está à vista: três dos nossos membros mais ilustres ainda estão a passar férias num famoso hotel de Custóias, Matosinhos City.
A tripulação da CGD decidiu dedicar-lhe três poemas quase de amor para uso tópico. Três poemas, sem tirar.
DA VERDADE DO AMOR
Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito
pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados
não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor
(José Tolentino Mendonça)
POEMA DE AMOR PARA USO TÓPICO
Quero-te, como se fosses
a presa indiferente, a mais obscura
das amantes. Quero o teu rosto
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam, cada uma das palavras
que sem querer me deste. Quero
que me lembres e esqueças como eu
te lembro e esqueço: num fundo
a preto e branco, despida como
a neve matinal se despe da noite,
fria, luminosa,
voz incerta de rosa.
(Nuno Júdice)
mulher pela casa fora pastora do meu sexo
de manhã perdida à tarde encontrada
afinal parecida com o líquen sobre as árvores
e outra vez
sem medo nem cuidado amar morrer
vozes falam de ti durante o dia
luzes brancas na bruma
frechas do sangue
ao tempo em que aprendias e depois
amor quase a tristeza
e depois amor quase gritaste
(Fernando Assis Pacheco)
12/02/07
Ó PINHO: QUANDO É QUE PASSAS A EUCALIPTO?
Ontem ao (re)ler um magnífico poema de Fernando Assis Pacheco lembrei-me do Manuel Pinho. Vejam lá se percebem porquê.
Este ministro é um mentiroso
que agonia quando ele discursa
e se fosse só isso: bale sem jeito
às meias horas seguidas - e não pára!
bem-aventurados os duros de ouvido
a quem o céu abrirá as portas
desliguem p. f. o microfone
ou então tirem o país da ficha
(in "Respiração Assistida", Assírio & Alvim)
06/02/07
05/02/07
ARTAUD:
( in Le Théâtre et l' Anatomie)
02/02/07
TRÊS MEMBROS ERECTOS DA CAIXA APANHADOS PELO TALENTO FOTOGRÁFICO DE NELSON D'AIRES
01/02/07
QUE MIL FILIPAS FLORESÇAM ENTRE NÓS

Camaradas de luta:
Hoje, oportunidade única para ficarem a saber quase tudo sobre a Filipa Leal.
No Público (rubrica Dez Mandamentos), No Jornal de Letras (entrevista), no programa «Páginas Soltas» da Sic Notícias, às 20h30 (repete à uma da manhã; Sexta-feira às 15h; e Domingo às 19h30).
QUE MIL FILIPAS FLORESÇAM...
31/01/07
O HOMEM QUE EXISTIU
Havia uma íntima surpresa na palavra
do início. Por exemplo, a primeira palavra
mar - quem a teria escrito? E a primeira
palavra palavra - quem teria escrito
palavra pela primeira vez?
Eu buscava nas palavras já escritas a surpresa
do início do poema, e isso era triste
como brincar com coisas mortas.
II.
A melancolia é uma questão de tempo,
disse-me o homem. Era um homem que existia
- normal como os que existem. Daqueles que não
costumam vir nos poemas porque não
são centros de metáfora ou revolução. Porque não
gritam nada. Porque não dizem nunca.
Hoje sei.
A melancolia é uma questão de falta
de tempo.
Porto. 6 de Janeiro. 2007
Filipa Leal
30/01/07
CONHECEDOR DE VENTOS
O Daniel vai regressar às Quintas de Leitura do Teatro do Campo Alegre no dia 5 de Julho de 2007.
Vamos obrigá-lo a ler, na sessão, este poema:
A HISTÓRIA DO PASTOR
A seguir a história do pastor.
O pastor vivia em Goinge, floresta normanda.
Era filho dos senhores da Escânia
hoje conhecedores de ciências.
Aos vinte anos sabia já
distinguir as ervas
curava com esmero os golpes do gado.
Entretinha-se com o queixo.
E todos os arroios
o conheciam de sol a sol.
Aos vinte e seis anos
casou com Dourada, a rapariga débil.
Aos trinta
viu realizar-se um sonho antigo:
receber os primos no pátio.
Abriu então cervejas
fritou amêndoas
falou pela primeira vez de nostalgia.
Este poema é belo! Repito-me: o Daniel é uma das vozes mais importantes e mais originais da poesia dos anos 80.
A fotografia acima é do Luís Tobias.