I.
Havia uma íntima surpresa na palavra
do início. Por exemplo, a primeira palavra
mar - quem a teria escrito? E a primeira
palavra palavra - quem teria escrito
palavra pela primeira vez?
Eu buscava nas palavras já escritas a surpresa
do início do poema, e isso era triste
como brincar com coisas mortas.
II.
A melancolia é uma questão de tempo,
disse-me o homem. Era um homem que existia
- normal como os que existem. Daqueles que não
costumam vir nos poemas porque não
são centros de metáfora ou revolução. Porque não
gritam nada. Porque não dizem nunca.
Hoje sei.
A melancolia é uma questão de falta
de tempo.
Porto. 6 de Janeiro. 2007
Filipa Leal
31/01/07
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2 comentários:
querida filipa. que bonito poema. que bom ver-te de volta ao blogue da CGD. que bom abrir a página e encontrar-te aqui.
gostei muito.
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