30/11/06

Mário Cesariny canta Alexandre O'Neill






Em cima: publicado em «A PHALA» (1988).
Em baixo: texto impresso, corrigido à mão pelo autor.

Vasco Gato

Ele é uma das vozes mais importantes dos "novíssimos".
Vai estar em Maio de 2007 nas "Quintas de Leitura" do TCA, no Porto.
Coisa rara. Põe poucas vezes a caneta de fora.
Escreve assim, em "A prisão e paixão de Egon Schiele":

49.
A minha cauda enrola-se lenta no teu silêncio.

45.
Estou mudo porque todas as palavras te escutam.

30.
O mar entre nós é uma ficção de escamas, um lindíssimo susto portuário

51.
A tua extinção é ainda um fogo.

17.
Estás no meu pensamento como a flecha no flanco vivo da presa.

Porque tu sabes que o homem é uma pirâmide onde dorme um animal raro. Sabes que há uma aliança secreta entre a carne e o violino de deus.

Que a morte embebeda.

++++

"Há gente com nomes que lhes caiem bem": Vasco Gasto

Para além da poesia


O desenho, o traço, a pintura.

(acima pormenor de uma obra de Mário Cesariny)

29/11/06

(II) BUREAU SURREALISTA ÍNDIO





Deliciem-se com este texto (quase) inédito de Cesariny,
enviado em 1991 a um dos elementos desta prestigiosa colectividade.
Com a benção da virgem de fátima, comuna.

Este registo faz parte de uma colecção de textos intitulados NOA-NOA. «Descendem dos papéis que, primeiramente impressos (desde 1975) foram descaíndo para o Rank-Xerox por não haver dinheiro (nem paciência) para mais».

Nota: clicar sobre cada uma das imagens para ler melhor.

28/11/06

Inédito e corrigido (I)

Em breve a CGD publicará aqui um inédito de Mário Cesariny
oferecido em tempos a um dos elementos da Caixa.
E também um Poema impresso corrigido pelo Autor com uma caneta.
Afinal Cesariny ainda anda por ai.

Mestre e discípulo

A Cesariny o que é de Cesariny

"Do Amor? Ah, com certeza.
Não sei se os artistas e os poetas não são um bocado, ou muito, ou sobretudo onanistas, sabes? Porque em vez de estar a cumprir o seu dever que é de meter cá a coisa no buraco, estão bá, bá, bá, bá, bá, e bá, bá todo o dia. E põem-se a escrever: "Alma minha...", a perder tempo.
Bom, podes dizer que isso é um prolongamento do amor. Agora, se eu acredito no amor, eu nunca acreditei muito na chamada alma gémea, porque a minha alma gémea tinha de ser muito diferente de mim, sabes? Porque de poesia e filosofia e literatura e outras merdas já eu estou cheio dos pés à cabeça."


In «Verso de Autografia», Assírio & Alvim, 2004
(E porque a Caixa Geral de Despojos esteve lá, no lançamento deste livro no Porto, para soletrar, pronuciar, dizer: Cesariny)

27/11/06

POEMA

Para o Mário Cesariny

Moveu-se o automóvel - mas não devia mover-se
não devia!

Ontem à meia-noite três relógios distintos bateram:
primeiro um, depois outro e outro:
o eco do primeiro, o eco do segundo, eu sou o eco
do terceiro

Eu sou a terceira meia-noite dos dias que começam

Pregões de varina sem peixe
- o peixe morreu ao sair da água
e assim já não é peixe

Assim como eu que vivo uma VIDA EXTREMA.

António Maria Lisboa

Procura

Procuro, folheando o blogue, por Daniel Jonas

«O orvalho da cidade fugiu todo
para os flancos de Susana;
daí que seja inútil
tentar encontrar o orvalho sem antes
encontrar Susana».

(...)

E, já agora, procuro Susana e penso como correu no Cairo, quente, excitante, apaixonante...

26/11/06


em memoria de MÁRIO CESARINY

26 de novembro de 2006

deus não sabe
que tenho dois peixes
nos olhos
um navio com marinheiros
e um mar pejado de velas

deus não sabe
que tanto o queria
conhecer
e agora ja posso

deus não sabe
que eu o vi ontem
ao fim da tarde
de uma janela velha
dependurado

deus não sabe
que logo à noite
irei silente e limpo
abrir a porta

mas deus sabe tudo
o que eu não sei
ele sabe
ele sabe
eu não

24/11/06

gosto dos dias
em veludo vestidos
dias em que me murmuras
pequenas gotas de orvalho
entre a morte e a mortalha

ESPERA

Horas, horas sem fim,
graves, profundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.

Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silência desapareça.

Eugénio de Andrade (As Mãos e os Frutos)

POEMA DE AMOR

Esta noite sonhei oferecer-te o anel de Saturno
e quase ia morrendo com o receio de que não
te coubesse no dedo

Jorge Sousa Braga

22/11/06

O corpo da página

"A poesia é um espaço que fica entre a filosofia e o corpo. É um pensamento sensorial."
Vera Mantero, Expresso, 28 Outubro 2006

A CGD por Luís Tobias




O conceito

Shots poéticos em várias tomas. Uma visão lúdica e dessacralizada da moderna poesia portuguesa.

Uma divulgação criteriosa dos nossos Poetas, que se estende desde os autores clássicos até às novas veias comunicantes.

Cruzar a Palavra com outras formas de expressão artística como a música, a performance, a dança e a imagem.