30/11/06
Vasco Gato
Ele é uma das vozes mais importantes dos "novíssimos".
Vai estar em Maio de 2007 nas "Quintas de Leitura" do TCA, no Porto.
Coisa rara. Põe poucas vezes a caneta de fora.
Escreve assim, em "A prisão e paixão de Egon Schiele":
49.
A minha cauda enrola-se lenta no teu silêncio.
45.
Estou mudo porque todas as palavras te escutam.
30.
O mar entre nós é uma ficção de escamas, um lindíssimo susto portuário
51.
A tua extinção é ainda um fogo.
17.
Estás no meu pensamento como a flecha no flanco vivo da presa.
Porque tu sabes que o homem é uma pirâmide onde dorme um animal raro. Sabes que há uma aliança secreta entre a carne e o violino de deus.
Que a morte embebeda.
++++
"Há gente com nomes que lhes caiem bem": Vasco Gasto
Vai estar em Maio de 2007 nas "Quintas de Leitura" do TCA, no Porto.
Coisa rara. Põe poucas vezes a caneta de fora.
Escreve assim, em "A prisão e paixão de Egon Schiele":
49.
A minha cauda enrola-se lenta no teu silêncio.
45.
Estou mudo porque todas as palavras te escutam.
30.
O mar entre nós é uma ficção de escamas, um lindíssimo susto portuário
51.
A tua extinção é ainda um fogo.
17.
Estás no meu pensamento como a flecha no flanco vivo da presa.
Porque tu sabes que o homem é uma pirâmide onde dorme um animal raro. Sabes que há uma aliança secreta entre a carne e o violino de deus.
Que a morte embebeda.
++++
"Há gente com nomes que lhes caiem bem": Vasco Gasto
29/11/06
(II) BUREAU SURREALISTA ÍNDIO
Deliciem-se com este texto (quase) inédito de Cesariny,
enviado em 1991 a um dos elementos desta prestigiosa colectividade.
Com a benção da virgem de fátima, comuna.
Este registo faz parte de uma colecção de textos intitulados NOA-NOA. «Descendem dos papéis que, primeiramente impressos (desde 1975) foram descaíndo para o Rank-Xerox por não haver dinheiro (nem paciência) para mais».
Nota: clicar sobre cada uma das imagens para ler melhor.
28/11/06
Inédito e corrigido (I)
Em breve a CGD publicará aqui um inédito de Mário Cesariny
oferecido em tempos a um dos elementos da Caixa.
E também um Poema impresso corrigido pelo Autor com uma caneta.
Afinal Cesariny ainda anda por ai.
oferecido em tempos a um dos elementos da Caixa.
E também um Poema impresso corrigido pelo Autor com uma caneta.
Afinal Cesariny ainda anda por ai.
A Cesariny o que é de Cesariny
"Do Amor? Ah, com certeza.
Não sei se os artistas e os poetas não são um bocado, ou muito, ou sobretudo onanistas, sabes? Porque em vez de estar a cumprir o seu dever que é de meter cá a coisa no buraco, estão bá, bá, bá, bá, bá, e bá, bá todo o dia. E põem-se a escrever: "Alma minha...", a perder tempo.
Bom, podes dizer que isso é um prolongamento do amor. Agora, se eu acredito no amor, eu nunca acreditei muito na chamada alma gémea, porque a minha alma gémea tinha de ser muito diferente de mim, sabes? Porque de poesia e filosofia e literatura e outras merdas já eu estou cheio dos pés à cabeça."
In «Verso de Autografia», Assírio & Alvim, 2004
(E porque a Caixa Geral de Despojos esteve lá, no lançamento deste livro no Porto, para soletrar, pronuciar, dizer: Cesariny)
Não sei se os artistas e os poetas não são um bocado, ou muito, ou sobretudo onanistas, sabes? Porque em vez de estar a cumprir o seu dever que é de meter cá a coisa no buraco, estão bá, bá, bá, bá, bá, e bá, bá todo o dia. E põem-se a escrever: "Alma minha...", a perder tempo.
Bom, podes dizer que isso é um prolongamento do amor. Agora, se eu acredito no amor, eu nunca acreditei muito na chamada alma gémea, porque a minha alma gémea tinha de ser muito diferente de mim, sabes? Porque de poesia e filosofia e literatura e outras merdas já eu estou cheio dos pés à cabeça."
In «Verso de Autografia», Assírio & Alvim, 2004
(E porque a Caixa Geral de Despojos esteve lá, no lançamento deste livro no Porto, para soletrar, pronuciar, dizer: Cesariny)
27/11/06
POEMA
Para o Mário Cesariny
Moveu-se o automóvel - mas não devia mover-se
não devia!
Ontem à meia-noite três relógios distintos bateram:
primeiro um, depois outro e outro:
o eco do primeiro, o eco do segundo, eu sou o eco
do terceiro
Eu sou a terceira meia-noite dos dias que começam
Pregões de varina sem peixe
- o peixe morreu ao sair da água
e assim já não é peixe
Assim como eu que vivo uma VIDA EXTREMA.
António Maria Lisboa
Moveu-se o automóvel - mas não devia mover-se
não devia!
Ontem à meia-noite três relógios distintos bateram:
primeiro um, depois outro e outro:
o eco do primeiro, o eco do segundo, eu sou o eco
do terceiro
Eu sou a terceira meia-noite dos dias que começam
Pregões de varina sem peixe
- o peixe morreu ao sair da água
e assim já não é peixe
Assim como eu que vivo uma VIDA EXTREMA.
António Maria Lisboa
Procura
Procuro, folheando o blogue, por Daniel Jonas
«O orvalho da cidade fugiu todo
para os flancos de Susana;
daí que seja inútil
tentar encontrar o orvalho sem antes
encontrar Susana».
(...)
E, já agora, procuro Susana e penso como correu no Cairo, quente, excitante, apaixonante...
«O orvalho da cidade fugiu todo
para os flancos de Susana;
daí que seja inútil
tentar encontrar o orvalho sem antes
encontrar Susana».
(...)
E, já agora, procuro Susana e penso como correu no Cairo, quente, excitante, apaixonante...
26/11/06
em memoria de MÁRIO CESARINY
26 de novembro de 2006
deus não sabe
que tenho dois peixes
nos olhos
um navio com marinheiros
e um mar pejado de velas
deus não sabe
que tanto o queria
conhecer
e agora ja posso
deus não sabe
que eu o vi ontem
ao fim da tarde
de uma janela velha
dependurado
deus não sabe
que logo à noite
irei silente e limpo
abrir a porta
mas deus sabe tudo
o que eu não sei
ele sabe
ele sabe
eu não
24/11/06
ESPERA
Horas, horas sem fim,
graves, profundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silência desapareça.
Eugénio de Andrade (As Mãos e os Frutos)
graves, profundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silência desapareça.
Eugénio de Andrade (As Mãos e os Frutos)
POEMA DE AMOR
Esta noite sonhei oferecer-te o anel de Saturno
e quase ia morrendo com o receio de que não
te coubesse no dedo
Jorge Sousa Braga
e quase ia morrendo com o receio de que não
te coubesse no dedo
Jorge Sousa Braga
22/11/06
O corpo da página
"A poesia é um espaço que fica entre a filosofia e o corpo. É um pensamento sensorial."
Vera Mantero, Expresso, 28 Outubro 2006
Vera Mantero, Expresso, 28 Outubro 2006
O conceito
Shots poéticos em várias tomas. Uma visão lúdica e dessacralizada da moderna poesia portuguesa.
Uma divulgação criteriosa dos nossos Poetas, que se estende desde os autores clássicos até às novas veias comunicantes.
Cruzar a Palavra com outras formas de expressão artística como a música, a performance, a dança e a imagem.
Uma divulgação criteriosa dos nossos Poetas, que se estende desde os autores clássicos até às novas veias comunicantes.
Cruzar a Palavra com outras formas de expressão artística como a música, a performance, a dança e a imagem.
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