19/12/06
Quero ser como o Bruce Lee
Em noites de sono mais ou menos profundo sou a personagem central de uma história recorrente. Sonho que estou a conduzir um automóvel qualquer, numa cidade qualquer, barulhenta, e que estou a ficar nervosa porque a maioria dos outros condutores não se portam de forma civilizada. Entre buzinadelas nas filas de trânsito e o barulho dos autocarros repletos de gente, uma senhora de idade, muito linda, tenta atravessar a rua na passadeira da esquina. O automobilista que segue na minha frente, não só não pára a viatura para deixar a senhora passar, como carrega a fundo no acelerador e passa de raspão ao lado da velhinha, com tal velocidade, que o seu puxo grisalho se desfaz ao vento. A senhora só não cai para o lado, redonda, porque nem consegue aperceber-se ao certo do que acabou de lhe acontecer.
Para azar do condutor à minha frente e para sorte do Bruce Lee que há em mim, o semáforo do cruzamento seguinte está vermelho. A fila de trânsito pára. Abro a porta do meu carro com a serenidade dos justiceiros. Já não estou nervosa. Apenas feliz. O mau desta minha fita tem a janela do seu automóvel entreaberta. Pergunto-lhe: «Viu o que acabou de fazer com aquela senhora, na passadeira?» - «O raio da velha deveria era estar em casa e não andar por aí a chatear!», responde o homem aos gritos.
Com o gesto certeiro das artes marciais e com as vantagens directas de estar a sonhar e ter em mim o mestre Bruce, envio o braço pela janela e , com a mão, desfaço a cara do mau da fita contra o volante do seu automóvel. Depois, toda a rua está envolvida. Uns gritam contra o homem, outros a favor. Depois, outro condutor começa a agredir-me verbalmente. Depois, há seis homens maus amigos do mau da fita que querem ajustar contas comigo. Está sol e o céu está azul. Acordo na altura em que, ao flectir as pernas, estabilizando o peso, e ao colocar os braços na posição de defesa, me imagino o Bruce Lee a tratar daquele assunto.
Levanto-me satisfeita e entro no duche. «Que bom que era se eu, realmente, pudesse dar algumas lições a um ou dois palermas que bem estão a precisar...», penso. Desde os filmes do Bruce Lee que não perco uma fita de artes marciais.
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1 comentário:
volta Bruce Lee,estás perdoado......
na verdade até te gramo bué......
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