30/05/07

CONSULTÓRIO SEXUAL do Engenheiro Gesta

Engenheiro Gesta à porta da sua suite na Pensão Francesa (por PAT)


João Gesta, professor diplomado em recauchutagem artística pela Universidade de Hot Cricka, Arkansas, vai, a partir deste número, engrossar a valiosa fileira florestal de colaboradores deste lucipotente blogue.
Propõe-se, na senda de Demis Roussos, de Bruna Surfistinha e de Bagão Félix, ajudar a minorar o sofrimento dos portugueses e das portugueses, respondendo, de uma forma assertiva e profunda, a todas as questões enviadas para a erecção, perdão, para a secção

IÇ@ O MASTRO, BABY, IÇ@

Feita esta pequena introdução, que a idade não me permite ir mais além, apresso-me a dar voz ao primeiro paciente leitor paciente.

Sónia, depiladora (a quente), 36 anos, signo berbigão, Margem Sul (perto de Marraquexe, portanto):

- O meu marido tem excrescências românticas nos testículos. É uma doença rara, muito chique, e que afectou grandes vultos da cultura universal como Lord Byron, o professor Neca e Margareth Tatcher. A princípio, confesso-lhe, achei piada. Contudo, com o andar do tempo, verifico que as excrescências me irritam e, desgraçadamente, me desconcentram do acto sexual. O que me aconselha a fazer doutor Gesta?

Doutor, Engenheiro-Aviador Gesta

- Não se preocupe. Num país de poetas, bêbedos e de forte pendor agrícola, estas situações podem acontecer, sobretudo no deserto.
Deverá, antes de iniciar o coito, ler em voz alta - se tiver um micro à mão, tanto melhor - um pensamento de Sócrates ou, se preferir, um fragmento de um qualquer discurso de Mário Lino, bem junto do testículo direito do seu marido. Não se engane no lado do testículo. Os testículos de esquerda são insensíveis a estas práticas. Verá que, como por milagre, as excrescências vão derretendo, uma a uma. As mais enraizadas poderão mesmo fugir para a Ota, aguardando embarque.
Se, apesar de tudo, alguma excrescência romântica persistir, então, aconselho-a vivamente a trocar de marido - sugiro-lhe o Brad Pitt mas, por favor, antes de o usar, agite-o com força e, disfarçadamente, veja se o mancebo não é portador de nitrofuranos nos sovacos. Se estiver tudo em ordem, telefone-me.

Consultório Sexual do Engenheiro Gesta

A partir de hoje o blogue da CGD dispõe de uma nova secção - CONSULTÓRIO SEXUAL DO ENGENHEIRO GESTA - que pretende dar resposta a todas as vossas dúvidas e maleitas.

18/05/07

Participação : Quintas de Leitura do TCA

Vejam alguns dos nossos destacados membros aqui.

17/05/07

A UTOPIA fundamental como respirar

o meu amigo Ze Pinto, companheiro desde os tempos de Évora,enviou-me este texto do Guerra Junqueiro.
caramba, ontem como hoje..................
é por estas e por outras que cada vez menos acredito nem pátrias, nações, países e outras eminências pardas, que servem para arrebanhar seguidores, votos,favores, influencias dividendos, sem o menor respeito pelos outros.
Cheguei a uma altura da vida em que A UTOPIA É CADA VEZ MAIS NECESSÁRIA.
por isso para mim vale O SER HUMANO EM SI POR SI e MUITO MAIS POR AQUILO QUE FAZ.
Aqui vai o texto que tem,pasme-se, para mais de 100 anos.

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador;
e este,finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime  do País. [.] A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos [.] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, [.] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

 Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.

11/05/07

Vou mudar a cozinha

As notícias aqui são sobre duas almas e corações da CGD, Sandra Samolé e Ana Deus, a Ana com o estatudo especial de Friend.

A novidade é a estreia da Ana como actriz. Pois sim, é isso mesmo. Actriz.

A Sandra é e sempre será uma magnífica actriz.

A peça - VOU MUDAR A COZINHA - está em cena no Estúdio Latino do Teatro Sá da Bandeira, no Porto, até dia 20 de Maio, de Quarta a Domingo, sempre às 22h00, excepto dia 17 (quinta-feira) - nessa quinta está a Sandra no Teatro do Campo Alegre numa surpreendente leitura a duas vozes: Sandra e Inês Lua com poema de Vasco Gato.

Sobre «Vou mudar a cozinha» diz na Sic Online :


A peça de teatro experimental "Vou mudar a cozinha", do escritor angolano Ondjaki, estreia esta quarta-feira no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. A peça fala da Mulher.

"Vou mudar a Cozinha" teve a sua estreia nacional na Casa das Artes de Famalicão e muda-se esta quarta-feira para o Porto, onde ficará em cena até dia 20 deste mês. Esta peça é da autoria do escritor angolano Ondjaki e é um trabalho feito a partir da selecção de três contos do autor, em que o fio condutor é a personagem da Mulher e a solidão. A mulher é desmultiplicada em três: mulher mendiga, mulher dona de casa e mulher freira. Em comum têm apenas a condição de mulher. Em palco está uma personagem que sofreu muito e quer mudar o presente e o futuro. A peça, inserida no teatro experimental, recria um universo íntimo e intransmíssível. A estória ganha forma numa fusão entre o teatro e a música, aposta no som, no cheiro e no movimento do corpo.

Teatro Sá da Bandeira
Sala Estúdio Latino
Rua Sá da Bandeira 108
Telef: 222006427

Toca a marcar bilhete e ir ver. Garantimos que vale a pena.

10/05/07

A caixa dos beijos

aos morcegos


aos estudantes - entendo-lhes a felicidade, ou não estivessem as suas veias ao rubro.
hoje é dia de desfile pela cidade. antes fosse o vasquinho na tv. a preto e branco.

FADO DO ESTUDANTE

Que negra sina ver-me assim
Que sorte e vil degradante
Ai que saudade eu sinto em mim
Do meu viver de estudante
Nesse fugaz tempo de Amor
Que de um rapaz é o melhor
Era um audaz conquistador das raparigas
De capa ao ar cabeça ao léu
só para amar vivia eu
Sem me ralar e tudo mais eram cantigas

Nenhuma delas me prendeu
Deixa-las eu, era canja
Até o dia em que apareceu
Essa traidora de franja
Sempre a tinir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir num bengalão e ar descarado
A vadiar com outros mais
Ia dançar p'ros arraiais
Para namorar, beber, folgar, cantar o fado

Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa da anatomia

Invoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho campo de Santana
Aulas que eu dava se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
E a que eu faltava sete dias por semana

O Fado é toda a minha fé
Embala, encanta e inebria
Pois chega a ser bonito até na Radio - telefonia

Quando tocado com calor
bem atirado e a rigor
É belo o Fado, ninguém há quem lhe resista

É a canção mais popular, tem emoção faz-nos vibrar
Eis a razão de ser Doutor e ser Fadista

09/05/07

A CGD vai estar em Famalicão


A Caixa Geral de Despojos apresenta:
Vemo-nos no Limbo
16 de Junho de 2007
Casa das Artes de Famalicão


No regresso à Casa das Artes de Famalicão prometemos muito: música improvável, imagens azuliantes, uma réstia de luz, lampejos, beijos no escuro, incomodidade, mortíferas mensagens, o tilintar dos corpos, palavras de vidro. Isto tudo à boleia dos nossos vates de estimação.

Prometemos muita magia, numa noite de marfim em que «o mar é só mar e as estrelas são só estrelas».

SOMOS O QUE SOMOS
nesta maneira tão nossa de andarmos pela vida com a Palavra às costas e o sonho debaixo do baço.

São cúmplices desta aventura sem peias:
Sandra Salomé, Filipa Leal, Pedro Lamares, Isaque Ferreira, Luís Tobias, Ana Deus, Pedro Moura, Raúl Cunha Faria, João Gesta, Mafalda Capela e Patrícia Campos.

Já dormimos juntos, mas não houve nada.

(João Gesta)

08/05/07

DO CAMPO ALEGRE PARA SERPA. COM AMOR.

Fui (sou?) duplamente marxista.
Tendência Groucho. Tendência Karl.
Continuo a achar que a crítica é a forma da nossa permanência.
Continuo, com A. Maria Lisboa, a preferir a Liberdade, o Amor e a Poesia à ordem, ao trabalho e ao progresso.
Em relação aos políticos, aos artistas de pacote e aos padres rio-me deles como quem olha para comediantes à custa de quem é permitido rir e escarnecer.
Isto tudo para lhe citar Marx, de cabeça:

"Dado que não nos compete forjar um plano que sirva para todo o sempre, é evidente que o que temos de fazer, por agora, é uma avaliação crítica impiedosa a tudo... impiedosa no sentido de essa dita crítica não ter que temer nem os seus próprios resultados nem o conflito com os poderes estabelecidos."

Somos todos "eus", digo eu. E estou sempre à sua espera.