20/07/07

Depois de uns dias


É 2007 e as pessoas levaram o telefone para a rua.
Já não andam sozinhas. Já não andam. Param e discutem ou declaram-se e amam e desamam e morrem a descer a Passos Manuel. E choram. Algumas não andam nem desandam (não amam nem desamam) mas choram. Ainda choram. Estão ao telefone. Estão sozinhas, mas de telefone na mão. E o objecto quente de esforço na tentativa de ser gente.
É 2007 e as pessoas não dormem sozinhas porque levaram o telefone para a cama.

3 comentários:

pat disse...

Eu nunca levo o telefone para a cama. Fica por ali, por perto. Para tomar conta de mim. Tens razão Filipa. Bem vindo o teu regresso.

C-ASA disse...

e isso às vezes também é bom. um telefone situado dentro do corpo, para falar algures, para um lado qualquer, a uma velocidade intimissíma...

mas com uma voz muito clara, muito nítida do outro lado da linha....

rui disse...

...a prova simples de que não é preciso complicar para se escrever lindamente...
telefone? na cama? já adormeci com o meu... quando não se está perto, sempre ajudar a matar saudades... ;)